Independência - ser ou não ser?

Existem dias que não dão certo e horas em que o raciocínio desaparece. Nesses momentos, você rapidamente lembra daquele seu amigo, tão sábio, tão santo, senta no sofá, pega o telefone, liga e despeja tudo e é ótimo.
E há dias ainda mais errados, em que o desequilíbrio é ainda maior, e então será preciso respirar fundo, colocar o telefone de volta no gancho, se afastar bem devagarzinho, e deixar seu santo e sábio amigo em paz.
Eu tento fazer o seguinte: Quando o céu desabada sobre a minha cabeça, antes de torrar a paciência de todo mundo e buscar soluções ― e pílulas — mágicas para resolver minhas baixarias, eu paro. Daí vale tudo; andar pela casa, tomar um copo de vinho, meditar, rabiscar, e quem sabe, até escrever ― e se a coisa estiver mesmo complicada, meditar for piada, e escrever impossível, nada como o poder de uma água na cara e 5 minutos trancafiado no banheiro.
Uma das maiores frias é a perda da autonomia e por isso é bom ficar atento: Começa com um problemão e quando você vê, está pedindo ajuda para resolver onde deve ir, o que deve comer, e até sobre o que vestir — o que, convenhamos, é mais do que retrocesso, é trágico.
Então, em caso de crise, experimente pensar com o telefone fora da tomada; É que amigos são ótimos — e aqueles que são como um santuário de paciência, bom gosto e maturidade, valem diamantes —, mas não há nada como ser o seu maior aliado; E quando isso acontece, é mais do que amizade: É independência.
Até porque, um dia, — quem é que sabe? — o namoro acaba, o psicólogo se muda, conselheiros enchem o saco, ficam um saco. E aí? E agora? E se você não souber mais se gosta ou não gosta, se compra ou não compra, se larga ou estuda? E se não souber mais como é ser só você?
Lembre-se que é preciso muito cuidado, porque as aparências enganam mesmo: As pessoas que só vivem cercadas de gente, de amigo a amigo, namoro a namoro, conselho a conselho, essas sim, estão perigosamente sozinhas.
entendeu?
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