O FAZ DE CONTA...

Quem pode, pode; quem não pode faz de conta.

Exemplo: Você engordou um milhão de quilos e não entra em nada do que realmente gostaria de usar, mas vai ter que sair de casa porque é aniversário de um grande amigo, e todo mundo vai estar lá, e agora? Você faz de conta que não engordou, coloca alguma coisa menos chamativa e “ahá, minimalista!”

Outro: Eu tenho muita vontade de viajar pelo mundo e, como não posso, fico encontrando o mundo em todos os lugares que vou, e vou fazendo de conta. Essas descobertas, às vezes bem exóticas, podem acontecer por acaso, como uma vez em um bar que mais parecia um bangalô, com palmeiras e lamparinas vermelhas, e de repente “Indonésia”. Outras, mais clássicas, são fáceis: Basta uma Carla Bruni no som da sala, que não há quem me faça acreditar que minha cozinha não é Paris.

E faz de conta que vodka com Fanta não é “vodka com fanta”, é Hi-Fi, e que aquelas bijouterias, amarelas de tão douradas, não são nada bregas, são ricas, antigas. Egito.

É mesmo uma invenção versátil; usa-se para tudo: Se alguém diz uma grosseria, você faz de conta que não ouve, se jura amor eterno, você faz de conta que acredita. Perigo: Se a traição doeu demais, faz de conta que não sabe, se foi você quem pisou na bola, faz de conta que não fez...

“Poxa, a vida é mesmo triste, o ser humano vive de faz de conta.”

Que nada!

Faz de conta que a vida é engraçada, e que as pessoas são apenas meio louquinhas...

André Guedes

By Meninos Podem